A glória do Senhor cercou-os de luz… disse o Anjo, não temais porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor
(Lc 2, 8-14)
Neste momento do Natal do Senhor, “a festa das festas, em que Deus, feito Menino pobrezinho, dependeu de peitos humanos”, como dizia o nosso Pai São Francisco (cf 2 Cel 199), alegremo-nos e exultemos e em uníssono com os pastores; vamos até “Belém” do nosso coração a fim de adorar o Menino Deus que nos foi dado.
O Anjo ao anunciar aos pastores a grande alegria, anuncia igualmente a todos os homens e mulheres de todas as épocas, a boa nova do nascimento do Messias, um nascimento simples e que enche de alegria às pessoas abertas a esta novidade: menino envolto em panos e deitado numa manjedoura.
Como podemos ver no trecho do Evangelho, o Menino deixa-se revelar aos pequeninos, aos simples – os pastores. Estes guardavam o seu rebanho no campo, dormitando, mas atentos a qualquer sinal, de modo a defenderem o rebanho de qualquer perigo. Foi nessa realidade que o Anjo os surpreendeu, dando-lhes a boa notícia. Os pastores hoje, a cada um de nós, ensinam-nos e propõem-nos o caminho que temos que seguir: o caminho da simplicidade, alegria, abertura, atenção, acolhimento e da vigilância que nos permite acolher a novidade que o Natal nos traz em cada tempo e circunstância.
O trecho acima citado apresenta-nos outros elementos que se fizeram presentes naquela venturosa noite: a glória do Senhor que refulgiu em volta dos pastores. E, apesar de ser noite, com ajuda do Anjo, eles contemplaram com alegria a salvação que Deus oferecia e oferece ao mundo através do Menino nascido pobre em Belém e deitado na Manjedoura.
Portanto, para vermos neste Menino a salvação que nos traz e oferece, é preciso termos a luz, como diz o Salmista: “A tua palavra é farol para os meus passos e luz para os meus caminhos” (Sl 119, 105). É esta luz da Palavra do Senhor que nos acompanha até a manjedoura, a ver o Senhor.
Ao desejar-vos um Feliz Natal, convido e desafio a todos os nossos leitores, amigos anónimos e suas famílias a fazerem este percurso com os pastores: viver a alegria, levar a alegria, ser sinal de alegria, ser uma presença alegre, acolhendo ao mesmo tempo com alegria o Menino envolto em panos e deitado numa manjedoura; com gestos concretos de solidariedade, proximidade, comunhão, atenção, preocupação pelo outro, esperança, paz e amor. Assim será Natal nos nossos corações e nas nossas famílias e no meio onde nos encontramos.
Para isso peço-vos que, entre os tantos presentes que ireis trocar entre vós, incluam uma família pobre, oferecendo-lhe o necessário para celebrar e viver com alegria o Natal do nosso Salvador – Jesus Cristo. Que o vosso Natal seja inclusivo, um Natal de encontro com várias realidades de miséria e pobreza.
Certamente todos têm conhecimento de que, no próximo dia 24 de Dezembro, às 19 horas de Roma, será oficialmente aberto o JUBILEU, com a Celebração Eucarística presidida pelo Santo Padre o Papa Francisco na Praça de São Pedro e seguida do Rito de Abertura da Porta Santa. Como Igreja vivamos este tempo de graça de forma activa e como “Peregrinos de Esperança” para o nosso mundo.
Vivamos a esperança como dom e virtude, atentos aos dramas da humanidade e seus clamores, acolhendo no amor a vida presente e lançando um olhar para o amanhã, àquele que pode salvar, ao Senhor Jesus, que é a porta sempre aberta para o futuro, para a eternidade. Pois, o Senhor é o fundamento da esperança (cf. Rm 15,13), que não brota das possibilidades humanas, mas da Ressurreição de Jesus (cf. 1Ts 1,9-10). Que este ano jubilar seja para cada um e para as vossas famílias um momento de renovação espiritual e temporal da nossa esperança.
O primeiro dia do ano civil foi instituído pela Igreja como o Dia Mundial da Paz. Para o ano 2025, o tema que nos é oferecido é: “Perdoai-nos as nossas ofensas: dai-nos a Vossa Paz”. Na mensagem para este ano o Santo Padre apela-nos a pautarmos por atitudes que levem à conversão que não visa condenar, mas sim reconciliar e pacificar e somente isso vai acontecer mediante uma verdadeira conversão, pessoal, comunitária e internacional; só assim poderá florescer uma paz autêntica, que não se manifesta apenas na conclusão, cessação e ausência dos conflitos, mas em uma nova realidade onde as feridas são curadas e a dignidade de cada pessoa é reconhecida e respeitada.
Neste momento em que os potentes do mundo usam a força para fazer valer os seus interesses, como reconhecer a “força e doçura” de Deus na história do nosso tempo? Onde está o Menino que é Conselheiro-Admirável, Deus herói, Pai-Eterno, Príncipe da paz? (cf Is 9, 6). O nosso mundo continua a viver os horrores e terrores da guerra, com muitos conflitos em aberto e ameaças de outras… Não desanimemos, intensifiquemos, pois, a nossa oração e continuemos a implorar do Príncipe da paz a verdadeira paz de que o mundo precisa urgentemente e que nasce do coração e se estende aos outros. Que sejamos instrumentos, semeadores, construtores e artífices da Paz, com palavras, gestos e atitudes.
Além das guerras, há muitos gritos de tantos irmãos que morrem de fome, desterrados, desalojados, perseguidos, vítimas de tempestades e alterações climáticas…sejamos solidários e próximos com o grito destes nossos irmãos, a exemplo do bom Samaritano.
Ao terminar este ano de 2024 endereço a minha gratidão ao Senhor, a todos os nossos irmãos que visitaram nosso SITE e a pessoas de boa vontade que incansavelmente de forma anónima lutam pela justiça e se empenam em realizar todo o bem possível. Que a todos o Senhor vos abençoe, proteja e alcance todas as raças que mais necessitais neste momento concreto das vossas vidas. Boas saídas e boas entradas.
A todos vós e às vossas famílias, amigos, benfeitores, colaboradores e todas as pessoas de boa vontade que connosco trabalham, àqueles que se encontram mais limitados pela doença e pela idade, os que estão a passar por alguma dificuldade, desejo-vos um Santo e Feliz Natal; boa e frutuosa vivência do Jubileu e próspero ano novo de 2025 vivido como “Peregrinos de Esperança” e marcado pela paz.
A minha saudação fraterna e a certeza da mina oração.
Apelação, 21 de Dezembro de 2024
Irmã Cacilda Rosa Joaquim Torcida Gamboa
Superiora Geral