Maria teve o seu filho primogénito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura, por não haver lugar para eles na hospedaria… O anjo disse-lhes: «Não temais, pois anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo: Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor… juntou-se ao anjo uma multidão do exército celeste, louvando a Deus e dizendo: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens do seu agrado.» (Lc 2, 7-11)
Com a alegria que nasce e brota do presépio de Belém saúdo a cada um e cada uma, na esperança de que a mesma alegria que inundou os pastores e os anjos, inunde os vossos corações. É Natal, Cristo Nasceu!
Convido-vos a dirigirdes e a concentrar o vosso olhar e o vosso coração no Menino deitado na manjedoura, envolto em panos; este menino que não é qualquer menino, mas o Filho de Deus, o Salvador do mundo; aquele que dá sentido às vossas vidas, à vossa entrega, à vossa pertença à Associação. Que ao celebrardes este Natal do Senhor, possais sentir e fazer a experiência da alegria que foi transmitida pelos Anjos e sejais vós também portadores dessa mesma alegria, como os pastores que, ao terem encontrado o menino, não guardaram para si aquele acontecimento único que mudou a história da humanidade, mas a sua preocupação foi o de dar a conhecer a todos, divulgando o que lhes tinha acontecido “depois de verem tudo isto, puseram-se a contar a toda a gente o que lhes fora dito a respeito daquele menino”.
Ao celebrarmos o Natal do Senhor Jesus irmãos e irmãs exultemos de alegria e demos glória a Deus juntamente com os pastores e os Anjos, que na noite do nascimento do Filho de Deus ressoaram com as suas vozes um hino de glória a Deus pela chegada do Redentor ao mundo, cantado: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens do seu agrado”; grande anúncio de esperança e de alegria para o nosso mundo sedento de paz, de concórdia, de amor e de esperança. Nasceu sim para nós o Salvador, que é Messias Senhor.
O nascimento de Jesus é para toda a humanidade e criatura um novo tempo, onde somos chamados a aderir a uma nova forma de ser e estar que o menino Filho de Deus nos traz e propõe, a de vivermos e assumirmos atitudes iluminadas pelo Evangelho. Acolhamos Jesus que se apresenta frágil, débil, indefeso, desprotegido, desprezado, humilhado, esfomeado, não fechemos as nossas estalagens como aconteceu há mais de 2000 anos quando José e Maria pediram um espaço que os pudesse acolher e aí puderem, com dignidade, receber o filho que ia nascer.
O mundo vive muitas situações de guerra, até mesmo na Terra Santa, terra que viu Jesus nascer, crescer, morrer, ressuscitar e elevar-se ao Céu, encontra-se neste preciso momento em guerra, com tantas realidades de muito sofrimento, desespero, angústia, insegurança, sofrimento, exclusão, humilhação… não fiquemos indiferentes a estes gritos dos nossos muitos irmãos que pelo mundo além sofrem os horrores da guerra e as suas consequências.
Sejamos a voz e o grito de paz e de esperança para o nosso mundo. Tenhamos gestos concretos de comunhão e de solidariedade com quem mais precisa neste Natal, para além de intensificarmos a nossa oração pedindo ao Príncipe da paz, o dom da verdadeira paz para o mundo, que nasce em primeiro lugar no coração. Na verdade, para celebrarmos verdadeiramente o santo Natal do Senhor é imperioso que se faça o caminho da conversão, que faz sair das trevas para a luz, como diz o texto bíblico “o povo que andava nas trevas viu uma grande luz…”.
Que neste Natal cada um de nós seja anunciador de esperança e de alegria, não obstante o mundo encontrar-se nas várias situações que já me referi, a luz brilha, porque o Filho de Deus veio habitar e fazer a sua tenda no meio de nós. Cantemos com os Anjos: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por ele amados” e façamos a experiência do grande amor de Deus para com a humanidade, ao fazer-se semelhante a nós, menos no pecado.
Como Família Franciscana estamos a celebrar os 800 anos do Natal de Greccio (1223-2023), onde pela primeira vez, o nosso Seráfico Pai São Francisco ergueu o primeiro presépio da história do Cristianismo, no intuito de levar os habitantes daquela terra a experienciarem e a tocarem, com a encenação do nascimento de Jesus, a pobreza, o desconforto revelador do grande amor, que o Filho de Deus para si escolheu, e ao mesmo tempo que é um apelo para O seguirmos pelo caminho da humildade, da simplicidade, da pobreza, do despojamento. Com São Francisco celebremos este Natal do Senhor com o espírito que o inundou naquela noite em Greccio ao contemplar o Menino deitado na manjedoura e sua mãe, e com ele digamos: Eis o dia que o Senhor fez: exultemos e alegremo-nos! Porque nos foi dado o santíssimo e dileto Menino… (Ofício da Paixão V, 6-7).
Para esta ocasião da vivência do 8º centenário de Greccio, os Ministros Gerais e a Presidente da Conferência da Família Franciscana Internacional endereçaram ao Santo Padre Papa Francisco o pedido da Indulgência para toda a Família Franciscana. Usufruamos deste meio que nos é oferecido e seja este um tempo de graça e de renovação espiritual para cada um e cada uma de nós.