Se alguém está em Cristo, é uma nova criação. O que era antigo passou; eis que surgiram coisas novas. Tudo isto vem de Deus, que nos reconciliou consigo por meio de Cristo e nos confiou o ministério da reconciliação. Pois foi Deus quem reconciliou o mundo consigo, em Cristo, não imputando aos homens os seus pecados, e pondo em nós a palavra da reconciliação (2 Cor 5, 17-19).
No passado dia 05 de Março, com o Rito da imposição das cinzas, iniciamos o Tempo Litúrgico da Quaresma deste ano jubilar de 2025. A Quaresma é tempo de conversão, mudança de vida através da oração, da penitência e da esmola. Este é também o tempo de preparação para a Celebração da Páscoa que 40 dias depois iremos celebrar.
O texto desta minha reflexão é extraído da Segunda Carta aos Coríntios, onde São Paulo nos faz um convite à renovação, a sermos novas criaturas em Cristo. O tempo da Quaresma é propício para esta caminhada de renovação e de reconciliação, pois, “se alguém está em Cristo, é uma nova criação”. Para que tal aconteça é necessário que em cada um de nós ocorra o renascimento, a passagem do antigo para o novo, a libertação do que nos aprisiona, nos fecha em nós mesmos e nos impede de caminhar juntos, cientes de que tal mudança e transformação não é simplesmente obra e fruto da iniciativa humana, mas sim de Deus, que nos reconciliou consigo por meio de Jesus Cristo.
Na Sua Mensagem para a Quaresma 2025, com o tema “Caminhemos juntos na esperança”, o Santo Padre, Papa Francisco “convida-nos a preparar os nossos corações e a abrir-nos à graça de Deus para podermos celebrar com grande alegria o triunfo pascal de Cristo, o Senhor, sobre o pecado e a morte”. Esta preparação implica e exige de todos nós o desejo e a necessidade de caminhar juntos na esperança, em atitude de peregrinos; que nunca se acomodam, mas sim estão sempre em contínua caminhada, movendo-se com os outros rumo a uma única meta, que implica também o amor e a paciência.
Os três apelos presentes na mensagem para esta Quaresma de 2025: o caminhar; juntos e a esperança, interpelam-nos a deixarmos que a experiência do caminhar juntos em esperança nos leve à verdadeira conversão e dê sentido à nossa oração, sacrífico e esmola, características próprias da vivência quaresmal. Leva-nos igualmente a que nunca percamos de vista a nossa condição de peregrinas neste mundo caminhando ao encontro do Senhor juntamente com tantos irmãos que no dia a dia partilham connosco a sua vida, as suas alegrias, tristezas, sofrimentos, angústias, desesperos, medos… deixando que estes gritos dos irmãos e da humanidade nos toquem e interpelem a tomarmos uma atitude que permita fazermos algo a favor de quem mais precisa.
As questões apresentadas na mensagem desta Quaresma: Estou realmente a caminho ou estou paralisado, estático, com medo e sem esperança, acomodado na minha zona de conforto? Busco caminhos de libertação das situações de pecado e falta de dignidade? São fundamentais para a nossa caminhada em vista do nosso crescimento e conversão e, portanto, devemos tê-las como indispensáveis para nos auto-avaliarmos e em seguida encontrarmos a sua concretização nas nossas vidas.
Que a nossa Quaresma seja realmente uma ocasião para mais uma vez fazermos o percurso de sairmos de nós mesmos ao encontro do Senhor e dos nossos irmãos, sendo construtores de unidade, que não pisa nem subjuga e que ninguém fique para trás ou se sinta excluído, mas que todos se sintam integrados e valorizados na sua condição e realidade.
Vivamos igualmente esta Quaresma numa atitude de esperança, aquela que nos vem de cristo e, por isso, não engana, mas nos permite ler os acontecimentos da história e nos impele a um compromisso com a justiça, a fraternidade, o cuidado da casa comum, garantindo que ninguém seja deixado para trás.
Que esta Quaresma nos ajude a sermos novas criaturas em Cristo Jesus, caminhando juntos na esperança.
Chellanam, 19 de Março de 2025
Irmã Cacilda Rosa Joaquim Torcida Gamboa
Superiora Geral
