Também conhecida como Irmã Maria de São Francisco foi uma religiosa inglesa, fundadora da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora das Vitórias.
Nascida a 3 de outubro de 1840 na Índia, filha do capitão Charles Wilson e Mary James, ambos ingleses, de família nobre e de religião anglicana. Ficou órfã de pais desde criança e foi cuidada pela tia Ellen na Inglaterra. O pai, antes de falecer, pediu à tia pelos dois filhos que deixava: “Educa os meus filhos para a eternidade”!
Ao atingir a idade adulta Mary começou a ter muitas dúvidas sobre a sua fé e a sua religião, andou um tempo à procura de uma religião que a ajudasse a se realizar como cristã segundo as inquietações que trazia dentro de si. Buscou acompanhamento espiritual e encontrou um sacerdote redentorista que a ajudou.
A última dúvida a ser vencida foi sobre a presença de Jesus na Eucaristia. A noite em que aceitou este dogma passou-a em tempestuosa oração, agarrada a uma pequena imagem de Nossa Senhora das Vitórias e rezou:
“Ó Virgem Maria, Mãe de Jesus e minha Mãe, vós que venceste todas as dificuldades e tanto sofrestes por amor do Vosso Divino Filho, Jesus Cristo, alcançai-me a graça de eu ser esclarecida se é verdade que Jesus Cristo vivo, está no Santíssimo Sacramento para que eu possa pertencer a Igreja católica. Não vos deixo esta noite, sem que me esclareçais”.
O que se passou nem ela sabia explicar. O que apenas sabia dizer é que despertou de um sono. A noite escura findou e sentiu-se iluminada, sem uma única dúvida sobre as verdades da fé. Ela mesma escreveu em sua agenda: 30 de abril: “Recebi o dom da fé”. Deste modo, recebeu o batismo condicional e fez sua primeira comunhão a 11 de maio de 1873. Data em que se comemora a sua conversão ao catolicismo.
Mary fez-se enfermeira e por desígnio de Deus chegou à Ilha da Madeira, Portugal em 1881, acompanhando uma senhora doente que precisava fazer tratamento ali. Ao chegar Mary ficou encantada com a beleza da Ilha, mas o sofrimento de muitas pessoas desse lugar, tocou o seu grande coração. De fato, havia muitos doentes, muitas crianças sem catequese e sem escola, muita pobreza humana e espiritual. Começou logo a fazer o bem. Sua obra de bem fazer foi crescendo como um grão de mostarda lançado à terra…. Vendo que sozinha não podia com tamanha missão, foi ao Hospício D. Amélia pedir a umas Irmãs, uma menina trabalhadora, inteligente e de boas maneiras para lhe ajudar. Foi-lhe lhe dada Amélia Amaro de Sá que em breve faria 18 anos. E, apenas com essa jovem, Mary Wilson começou a Congregação. Assim escreveu na sua agenda: Amélia Amaro de Sá (Irmã Elisabeth) e Irmã Maria de São Francisco juntaram-se em 1884 para fundar a Congregação Franciscana de Nossa Senhora das Vitórias.
O título de Nossa Senhora das Vitórias evoca a pequena imagem da Virgem Maria, cuja intervenção maternal foi decisiva na sua conversão ao catolicismo.
O nome Maria de São Francisco atesta a sua comunhão com o seráfico São Francisco de Assis.
O nome de Elisabeth dado à Irmã Amélia parece honrar santa Isabel, rainha da Hungria, padroeira da Ordem Franciscana e notável pelo seu amor aos pobres.
Deste modo começou a Irmã Wilson a nossa Congregação, fazendo todo o bem possível, com beleza, dedicação e muita fé. Abriu várias frentes de missão em defesa da vida: hospitais, escolas e orfanatos, farmácias e um seminário para formar novos sacerdotes. Onde havia uma necessidade ali estava Mary Wilson pronta para ajudar. Em 1907 teve a epidemia de varíola na Ilha da Madeira e a Irmã Wilson com as suas filhas não mediram esforços para combatê-la, mesmo colocando as suas vidas em risco, salvando muitas pessoas pela misericórdia de Deus. Fez tanto bem ao povo da Madeira, que começou a ser chamada pelos madeirenses de Boa Mãe. Sim, Boa Mãe dos pobres, dos indefesos, dos órfãos, das crianças, dos doentes e infelizes.
“Irmã Wilson, todo um poema de amor a Deus e ao próximo! Alma eucarística, entregue filialmente a Virgem Maria, irmã de Francisco de Assis e de Teresa de Lisieux, irradia paz, confiança no Pai do Céu, abandono à sua vontade, paixão pela sua gloria. É pura e alegre, silenciosa e ardente. Atenta como uma mãe, valente como um profeta, derrama-se em atividades mil a favor dos pobres, doentes, crianças, velhinhos, não-evangelizados. Coração universal, vem da Inglaterra, abraça a Madeira, sonha com o mundo. Ninguém se aproxima dela sem sentir vontade de se tornar melhor”.
(Irma Wilson, Vida, testemunhos, cartas, 2ª ed, 2000, Pe. Abílio Pina Ribeiro)
A venerável Irmã Wilson está em processo de canonização. A 18 de agosto de 1991, em cerimónia presidida pelo Bispo do Funchal, D. Teodoro de Faria, fez-se a abertura oficial do processo diocesano de canonização da Irmã Wilson, na Igreja São Pedro. A 30 de abril de 1993, D. Teodoro de Faria presidiu ao encerramento do processo, na Quinta das Rosas, seguindo o seu percurso posteriormente na Congregação para as causas dos Santos, em Roma. Em fins de abril de 1999 terminou a primeira fase do processo romano com a publicação da Positio. A 2 de maio de 2012 os teólogos pronunciaram-se favoravelmente acerca do processo, e a 01 de outubro de 2013 os cardeais. A 09 de outubro de 2013, o Papa Francisco assinou o Decreto que reconhece as virtudes heroicas e proclama “Venerável” a Irmã Maria de São Francisco Wilson. Divulguemos sua vida, obra e missão.
Reze e peça ao Senhor por intercessão da Irmã Wilson:
Ó Deus, Pai Santo, nós vos damos graças pela caridade com que enriquecestes a Vossa fiel serva Irmã Wilson. Se for do Vosso agrado glorificá-la, concedei-nos por sua intercessão, a graça que Vos pedimos (pedir a graça). Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, que é Deus convosco, na unidade do Espírito Santo. Amem.
Pai Nosso, Ave Maria e Glória.
Venerável Irmã Wilson, rogai por nós!