Decorreu em Belo Horizonte-MG, Brasil, nos dias 8 e 9 de junho no Recanto São José o II Encontro de Juniores de várias Congregações Religiosas que estão no Brasil, promovido pela CRB. Teve como tema: Ressignificar a minha vocação através da vivência dos Conselhos Evangélicos e como assessora a Irmã Maria Inês Vieira Ribeiro.
A Irmã Maria Inês trouxe para a nossa reflexão Santa Teresa d’ Ávila, esta Santa que é modelo de mística, e podemos aprofundar dela a cultura da contemplação. Santa Teresa viveu uma forte experiência de ressignificação na vida. Ela enfatiza a importância de entrar no “castelo interior”. A partir desta experiência encontrou o profundo sentido existencial que lhe deu coragem e força para se integrar, ser consagrada e missionária do Reino de Deus, assumindo sua vida monástica e ajudando a todos que queriam fazer o mesmo caminho. Também em nosso dia a dia é importante buscarmos a nossa identidade e cada vez mais o sentido existencial no crescimento e amadurecimento na etapa de formação em que nos encontramos.
Os votos são atitudes de busca muito parecidas com as do povo que está a olhar a história e decide a caminhar. Repensar os votos, implica estarmos pendentes dos movimentos da história do povo de Deus.
Santa Teresa ajuda-nos a fazermos a experiência mística na vida quotidiana com Deus e com as Irmãs na vivência comunitária e na missão apostólica.
Em todas as experiências de Santa Teresa d’Ávila, a que mais me tocou e desafiou foi a experiência na qual ela aprendeu a ler a vida a partir de dentro e a partir daí a simbologia do “castelo interior” e descobriu-se também como a morada de Deus. Refleti que na caminhada da vida devo aprender viver cada vez mais na interioridade e dentro de mim devo descobrir qual é o símbolo que posso identificar como morada de Deus na minha vida cristã e consagrada.
As Moradas do “Castelo Interior” de Santa Teresa d’Ávila:
1ª Morada: Autoconhecimento; 2ª Escuta e decisão; 3ª Presença real do Senhor; 4ª Oração de quietude; 5ª Oração de união (êxtase); 6ª Enamoramento Espiritual; 7ª Matrimónio místico.
A Irmã Maria Inês fez-nos um pedido para fazermos a experiência no dia a dia de procurar viver cultivar e fazer a experiência sobre as sete moradas que Santa Teresa d’Ávila viveu. E que estas experiências possam nos ajudar a viver e compreender melhor o significado da Vida Religiosa Consagrada, viver a vocação através da vivência dos conselhos evangélicos conforme o tema que a Irmã orientou.
A Reflexão do tema despertou em cada um de nós o desejo de olhar para o momento em que demos o nosso Sim e de refletirmos o que sentimos em dar o nosso Sim a Deus, e em seguida fizemos a partilha.
Da Reflexão que a Irmã Maria Inês fez o que mais chamou a minha atenção foi que: Os votos não os fazemos racionalmente e sim com o corpo e a partir de uma história específica. Os votos são para sonhar com Deus e com o povo, para não abandonar a Deus nem ao povo. Por isso necessitamos conhecer o contexto histórico. Trata-se de conhecer o que fala a Bíblia, o conhecimento íntimo que podem ter duas pessoas. Quer dizer ter contato com a historia de Deus que é o único “deserto” onde podemos buscá-lo.
Fazer os votos é uma maneira de viver em atitude de busca.
Castidade: a sede – Este voto nos convida a plenitude, ao desejo profundo de amar, a cultivar a sede. Esta sede conduz a vida de cada consagrado a viver em atitude de colocar-se no caminho da busca. A Ir. Maria Inês deixou nos isto como um apelo: que cada Juniorista faça a sua experiência no dia a dia, uma vivência de busca no sentido do voto de castidade.
Pobreza: a doação – Pelo dom do voto de pobreza o consagrado se sente corresponsável no Instituto. Cultiva a ajuda mútua nas comunidades e entre as Comunidades. Dia a dia socializa os bens e os gastos. Tudo o que recebemos o recebemos para a Congregação. Somos chamados a pobreza solidária, acolhendo a lei do trabalho, renunciando ao acúmulo, ao desperdício, ao lucro imoderado e ao luxo.
Obediência: o amor – Professar este voto é professar nossa responsabilidade dentro da história e dentro do grupo onde partilhamos o carisma. Este é o movimento harmônico da obediência. É escutar intensamente para detectar por onde devemos caminhar. Um dos aspectos mais bonitos que temos que reaprender nesta opção, que decidimos caminhar até a morte, é a capacidade que Ele nos deu de voltar a responder, de retomar a palavra. É um sonho que todos temos. Todos gostamos de participar, tomar iniciativa dentro da história. Neste sentido a escuta devolve a palavra. O voto de obediência é como um eco que acompanha os outros dois. Neste redescobrimos nossa capacidade de resposta.
Ir. Santina, DNSA