“Hoje na terra nasceu o Amor, Deus para os homens, Salvador”
Renascer no amor e na ternura, com Jesus, Maria e José
Deus é amor, e todo aquele que ama nasceu de Deus e chega ao conhecimento de Deus (Jo 4, 7). A manifestação suprema do amor de Deus deu-se quando Ele enviou o seu próprio Filho, para que por Ele nós também amássemos a Deus e aos Irmãos. Assim, o amor consiste na capacidade de suprema doação de si, de ir além da própria medida, no relacionamento e no trato com os irmãos, porque para isso o amor nos impele, como refere São João: o amor de Deus foi derramado em vossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5,5).
O amor é uma força que brota do nosso eu mais profundo, não se inspira na capacidade humana, mas sim divina, plenifica e realiza o homem, quando este se encontra com Deus e se dá na relação com os seus irmãos. O verdadeiro amor vence qualquer obstáculo, porque ele é uma força que move as coisas, sendo capaz de uni-las e mantê-las juntas. O amor rompe com as barreiras e limitações humanas e se apressa a ir ao encontro do outro, para cuidá-lo e promovê-lo para que cresça cada vez mais, para levantá-lo quando necessitado de ajuda, para socorrê-lo, como fez Maria, quando apressadamente foi ao encontro da sua prima Isabel.
O amor nasce desta capacidade profunda da escuta e da contemplação do mistério de Deus, perante o qual a nossa humanidade emudece e brota o serviço alegre, humilde e generoso, fundado na infinita bondade e misericórdia de Deus.
A ternura nasce da confiança na misericórdia de Deus, e tem dois conteúdos, como diz o Papa Francisco na Carta Alegrai-vos: “a beleza de sentir-se amado por Deus e a beleza de amar em nome de Deus”; pois se no nosso coração, não há o calor de Deus, do seu amor, da sua ternura, como podemos nós, pobres pecadores, inflamar o coração dos outros?
A condição fundamental para renascer no amor e na ternura, passa por crescer na capacidade de confiança em Deus e de obediência às suas orientações que devem ser medidos pela capacidade de serviço a Deus e aos irmãos, como foi a vida que caracterizou São José, que diante das inspirações de Deus, colocou-se de forma solícita e terna ao Seu serviço de Deus, correspondendo à mensagem do anjo: não temas receber Maria, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo (Mt 1,21).
A ternura constitui o primeiro passo para superar o fechamento de si mesmo e sair do egocentrismo que deturpa a liberdade humana. A ternura de Deus nos leva a entender que o amor é o sentido da vida.” (Papa Francisco). O amor e a ternura têm a sua origem em Deus; são condição fundamental para neles renascer; são a adesão profunda a Deus sem medo.
Maria é modelo inequívoco de como viver o amor e a ternura, com o seu SIM ″eis a Serva do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa vontade″ (Lc 1, 38) colocou-se imediatamente ao dispor de Deus, exalando a fragrância do amor e ternura de Deus para com todas as criaturas como afirma no Magnificat.
Ao celebrarmos este Natal – o nascimento de Jesus, o Emanuel – Deus Connosco – nos encha de alegria inefável a contemplação do amor e da ternura de Deus feito frágil criatura; seja este um verdadeiro encontro com Jesus fonte de toda a transformação; seja este o tempo para renascer porque mais uma vez Deus vem ao nosso encontro na humildade e pobreza de uma frágil criatura, ensinando-nos que o amor e a ternura que inundavam a família de Nazaré são também possíveis hoje neste mundo tão necessitado do amor, da paz, da concórdia.
Vivamos este Natal com o amor e a ternura de Jesus, Maria e José; acolhamos com alegria inefável Deus Menino, Príncipe da Paz; deixemos renascer em nós a esperança de uma humanidade renovada, acreditando que a paz, anunciada pelos Anjos naquela noite em Belém, é possível, porque Deus se inclina sobre as feridas da humanidade para curá-las com amor e ternura.
SANTO E FELIZ NATAL E UM NOVO ANO DE 2023 CHEIO DAS BÊNÇÃOS DE DEUS MENINO.