De 10 a 13 de fevereiro de 2024 várias Irmãs da Congregação participaram do 39.º Encontro Nacional da Vida Consagrada, em Fátima, Portugal. Este encontro foi organizado pela CIRP (Conferência dos Institutos Religiosos em Portugal) e teve como tema: Desafios da sociedade atual à Vida Consagrada.
Durante estes dias vivemos momentos fortes de encontro, reflexão e oração com grande número de Congregações Religiosas, e com Celebrações Eucarísticas na Basílica da Santíssima Trindade, em Fátima.
Os conferencistas nos fizeram várias interpelações para percebermos a Igreja e a Vida Consagrada na sociedade de hoje. Sociedade complexa de muitas ideologias, muitas ondas e modas, mas a Igreja não pode ir na onda, antes deve continuar firme na fé e nos valores do Evangelho. Vivemos num mundo moderno, marcado pelo taylorismo, dividido por partes, e por vezes esquecemos que precisamos resolver o todo e não só as partes. Sociedade feita de relações humanas passageiras, incapacidade de manter a identidade por muito tempo; uma sociedade não só consumista, mas com desejo insaciável de continuar a consumir.
Nesta sociedade complexa e interdependente, fruto também do poder das redes sociais, precisamos muito do discernimento, separar os opostos, ver bem o que vem de Deus e o que não vem de Deus. E não perdermos a nossa liberdade de escolha. Pois as vezes estão a escolher por nós, por exemplo, quando se diz: quem vê este vídeo, também vê este (e apresentam mais um). Discernir por que? Porque não temos resposta para tudo, porque surgem novas perguntas, porque o mundo muda, porque há redes com peixes bons e maus. Discernir porque não podemos viver na preguiça, na acédia, pois todos recebemos o Espírito Santo no Batismo e precisamos nos colocar à escuta d´Ele.
O nosso futuro depende do nosso presente. Olhando a nossa realidade, como o problema dos abusos sexuais, vemos que hoje estamos a pagar o adiamento de muitas decisões que nos foram pedidas no passado e adiamos em vez de realmente decidirmos. Nestes casos tanto as vítimas como os abusadores precisam ser cuidados com humanidade e tratamento certo.
Desafios à Vida Consagrada:
Escutar e acolher: acolhimento que é procura de sintonia;
Escutar a sociedade atual e sermos pessoas e comunidades enxertadas no mundo;
Formar a consciência crítica – para isso é preciso ter critérios que tenham em vista a verdade; não ser repetidor do passado, mas perceber a realidade; esforço de lucidez, ver em, estudar os diversos lados do “poliedro”; diálogo entre Deus e eu; acompanhamento espiritual e o sacramento da Penitência.
Sermos pessoas e comunidades proféticas, capazes de anunciar o Evangelho e denunciar o que ofende e mata a vida;
Sermos pessoas espirituais e místicas, capazes de viver uma relação amorosa com Deus. Todo ser humano tem um místico adormecido dentro de si, e só outro místico o pode despertar;
Aceitar a pluralidade das novas gerações.
Buscar o equilíbrio afetivo: cuidar do nosso coração onde habita o coração de Deus.
Viver o desafio da gratuidade: obrigado, com licença, pedir e dar o perdão.
Prestar atenção nos três areópagos, lugares para exercemos a nossa profecia: a inteligência artificial – que seja uma ferramenta útil, mas que não nos desumanize. A Inteligência artificial nos pede um estado de alerta, devido o poder da informação. Não podemos aprovar a criação de bombas. Precisamos maior responsabilidade no seu uso e observar a ética. Não podemos colocar a vida em risco. Não aceitar que seja um fator discriminatório dos pobres.
O clima de guerra: percebemos o crescimento situações de guerras em vários países e precisamos vencer a cultura da guerra pela afirmação da paz.
A realidade da imigração: muitos imigrantes vivendo em situações desumanas e sendo explorados no trabalho. No entanto, cada pessoa que chega no meu país é meu irmão. Precisamos integrar as pessoas com carinho, com afeto e respeito. Se eu exploro ou falo mal do meu irmão, me afasto de Deus. Preciso encontrar o tom de voz certo para falar com o meu irmão. Em todas as circunstancias defender a vida.
Diante do Evangelho Mt 8,16-22, onde os discípulos pensam que Jesus alerta para a atenção com o fermento dos fariseus porque eles não tinham levado pães, o Senhor perguntou-lhes: “Porque discutis que é porque não tendes pães? Ainda não entendeis nem compreendeis? Fomos convidados a vencer a imaturidade espiritual, pois as vezes acontece connosco como os discípulos neste texto. As vezes não consigamos reconciliar com o Calvário, com o sofrimento e a Cruz em nossa vida. E Deus nos trata como pessoas adultas e não como crianças, espera nossa confiança nele, pois já revelou que está connosco. Esta maturidade deve refletir em nossa vida espiritual. Quando entramos em crise, o Senhor também nos pergunta hoje: Não compreendeis ainda que eu sou o timoneiro, o barco e o mar? O que vos falta para amadurecer? Jesus apela para a maturidade da fé, não uma fé vivida somente na Liturgia, mas uma fé vivida na realidade do dia a dia.
A Vida Consagrada precisa sair, se expor, se deixar criticar, sair dos muros de proteção. Não ter medo de sujar as mãos em defesa da vida humana. Quanto maior é a luta, maior é o triunfo!